O MENINO QUE VIVIA NAS NUVENS
No período do recreio, os meninos de sua idade, corriam de um lado para outro, e faziam uma algazarra infernal no pátio. Mas Léo preferia, sem motivo aparente, ficar parado em seu canto preferido, a olhar para o alto, com o olhar perdido, numa atitude totalmente imprópria para uma criança de sua idade.
Ele viu uma nuvenzinha no céu, e quando prestou um pouco mais atenção, foi que percebeu que não era nuvem, mas sim um carneirinho. Não, não era um, mas muitos carneirinhos. Como foi tão distraído, para não perceber antes?
_ Quem é que cuida de vocês, carneirinhos? – ele perguntou.
_ Estes anjinhos aqui do lado, - eles responderam mostrado os anjos.
Só então, foi que Léo percebeu a quantidade de anjinhos esvoaçantes. Desta vez, não foi distração. É que de longe, eles se confundiam com os carneiros.
_ Anjinho, como é que faz para ficar aí em cima? – perguntou.
_ É só querer. Veja, você também tem asas como as nossas!...
Num segundo, o menino estava nas nuvens, acompanhado de carneiros e anjos. E voou mais um instante, e contemplou a alegria dos seus novos amigos. E acariciou os carneirinhos macios como nuvens, e foi acariciado pelas mãos macias que só os anjos tem. E voou, e cantou, e ouviu e aprendeu os cânticos dos seus anfitriões...
Deitou e descansou na cama mais macia que se pode pensar. A cama de nuvens...
Ouviu uma voz chamando seu nome:
_ Sabino, vem brincar conosco!...
Olhou em volta, mas não pareceu a voz de nenhum dos anjos que via. Estranho, parecia a voz de um menino da escola... Não, não era um só que chamava, eram muitos. Ouviu também a voz da professora entre as dos meninos.
_ Léo!.. Leonardo!... Que foi Leonardo?!... Você está sentindo alguma coisa?!...
_ Parece que está dormindo!...
_ Parece que está nas nuvens, isso sim!...
Ouviu risadas.
Além das vozes, ele foi sacudido, e só então, percebeu a realidade.
Todos riram ao seu redor. E ele teve que encarar a realidade de mais um período de aula.
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Adelmario Sampaio
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